Entre as maiores preocupações do mundo atual estão o desmatamento e o descaso com a natureza. Supressão de árvores, queimadas, poluição, soterramento de nascentes são apenas alguns dos problemas causados pelo homem. O resultado é visto no clima, cada vez mais quente, na poluição desenfreada de rios e cursos d’água e no desaparecimento de animais silvestres. Mas, em Contagem, há pessoas que caminham na direção contrária. É o caso de Mário André, dono de um terreno no bairro Tropical, nas proximidades de Vargem das Flores, onde ele está recuperando a vegetação nativa. “Tenho esse terreno há cerca de quatro anos e, quando entrei, isso aqui era um pasto. As árvores tinham sido suprimidas em consequência de tentativas de invasões constantes. As pessoas entravam com trator arrasando tudo e causando o assoreamento de uma lagoa, o que quase causou sua extinção. Mas agora estamos conseguindo recuperá-la. Atualmente, ela fica cheia na maior parte do ano”, explica. A ideia de recuperar o ambiente do local partiu da consciência ambiental do proprietário, que espera servir de exemplo para os vizinhos. “Eu sempre gostei de mato e estou fazendo isso sem nenhum interesse econômico. Pelo contrário, estou investindo do meu próprio bolso”, explica Mário, que conta com a ajuda dos pais e de um trabalhador haitiano. Mário procurou a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) em busca de apoio técnico. Foi lá que ele encontrou o biólogo Guilherme Ribeiro, que deu todo o suporte necessário para a operação. “Fizemos várias doações de mudas, chegando a um total de 300. Mas, para isso, viemos ao local, identificamos as espécies nativas e orientamos sobre os locais de plantio de cada espécie. É uma parceria que estamos fazendo com o Mário em que entramos com os insumos e a tecnologia, e ele, com o trabalho. Estamos tratando esse projeto como um piloto que pretendemos replicar em mais áreas de Contagem”, explica. Além do prazer em recuperar a natureza, Mário André também pretende futuramente construir sua residência no local. “Dos pouco mais de 10 mil metros do terreno, só posso construir, legalmente, em cerca de 20%. Eu pretendo interferir o mínimo possível na área verde, porque é muito gratificante ver a mudança desde que chegamos aqui. Os animais silvestres voltaram. Agora, recebemos apoio dos conhecidos e parentes. No meu aniversário, em vez de roupas ou outros presentes normais, eu recebo mudas e sementes. Chegamos a um ponto em que já estamos fazendo doação de mudas para a comunidade”, conta. O cidadão que decidir seguir o bom exemplo de Mário André pode procurar a Semad e iniciar um protocolo para plantio. Ele receberá todo o apoio técnico e orientações, além da doação de mudas específicas para cada área. As doações são liberadas por meio de um termo de compromisso de plantio, e o beneficiado deve, posteriormente, comprovar sua execução, seja através de fotos ou de uma visita dos técnicos da Secretaria ao local.